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																		| Insetos & Cia 
 AS LATAS COMO VEÍCULO DA LEPTOSPIROSE MITO OU REALIDADE?
 As latas como veículo da Leptospirose mito ou realidade?
 
  UM FOCO EM PRAGAS
AS LATAS COMO VEÍCULO DA LEPTOSPIROSE – MITO OU REALIDADE ??
Há cerca de um ano vem circulando na web um email  com informações a respeito do alto risco da leptospirose, doença cujo principal vetor é o rato urbano, ter sido veiculada via lata de cerveja ou refrigerante, o que tem causado uma grande discussão. 
O email a que nos referimos tem a assinatura de um engenheiro agrônomo, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Prof. Fabio Lopes Olivares o que acabou dando credibilidade ao assunto. 
Para melhor esclarecer os nossos leitores fomos a campo e levantamos algumas infor-mações. Segundo a Sra Lucia  Gracinda da Silva, que é doutoranda do Prof Fabio Olivares, com quem conversamos por telefone, esta mensagem não foi distribuida por ele. Na realidade, ele simplesmente a recebeu e passou adiante, por acreditar tratar-se de uma informação importante. Ocorre , que , ao fazer isso, automaticamente o email foi assinado por ele, o que gerou uma séria e polêmica credibilidade ao assunto. Para piorar as coisas esta mensagem foi redistribuída, desta vez, acrescida de mais um parágrafo que dizia que o pai de uma famosa modelo havia morrido em decorrência de haver ingerido o conteúdo de uma lata de cerveja que estaria conta-minada por leptospiras. Assim, travestida de suas cores ameaçadoras, este email passou a circular na Internet e , acreditamos, necessita de maiores explicações.
A Associação Brasileira de Alumínio (ABAL) está divul-gando em seu site www.abal.org.br que esta mensagem é falsa e embasa a sua afirmação com uma declaração do proprio Prof. Fabio Olivares informando que ele não assume a responsabilidade pela divulga-ção do referido texto na internet, chamando-o inclusive de boato. 
Também é possível ter acesso a uma declaração do INMETRO informando não ter realizado até o presente momento nenhuma análise em  latas de cerveja e refrigerantes. 
Diante destas duas evidências fica claro que esta informação foi fabricada. Isto também não quer dizer que um fato como este não possa acontecer. A Leptospira icterohaemor-rhagiae, que tem sido a responsável pela transmissão aos humanos da leptospirose, via contato com urina de ratos, permanece viável em água por até 180 dias, sua multiplicação é ótima em pH entre 7,2 e 7,4, porém morre em 2 a 3 minutos se exposta ao ambiente seco. Se fôr ingerida, morre imediatamente ao entrar em contato com o suco gástrico. A possibilidade restante é a de que uma lesão na mucosa poderia permitir o ingresso desta bactéria no organismo via circulação sanguínea e, a partir daí ela se multiplicaria, alojando-se em um órgão do corpo. A situação descrita na web  apesar de falsa no seu conteúdo deve servir como alerta e como modêlo para iniciar uma investigação científica. Os roe-dores, no caso a espécie Rattus norvegicus, que agem como vetores da leptospirose, estão realmente disseminados no ambiente urbano. O seu controle é extremamente difícil e há necessidade de investimento em assessorias especializadas, treinamento, adequação do ambiente, fechamento de entradas destes roedores, utilização de produtos químicos dentre outras medidas. Não é um trabalho simples. São animais extremamente adapta-dos ao homem, conhecem seus hábitos e se aproveitam , principalmente, da forma como o homem administra os seus estoques, o seu lixo, o seu ambiente de trabalho; da forma  de armazenagem de alimentos de uma forma geral. Tenho presenciado, ao longo de minha vida profissional , uma série de não conformidades que per-mitem e favorecem o ingresso de roedores às habitações e construções humanas. Já conduzi vários ensaios de campo para observar o trânsito destes animais e todos eles indicam que as medidas anti-ratos, se bem orientadas e bem feitas, são um caminho fundamental na defesa contra estes animais. Pelo simples fato de que não é possível criar “ilhas” de controle pela  existência um cordão de iscas raticidas ao redor da área a ser tratada. Medidas, de cunho defensivo, devem complementar esta ação, para que os resultados aconteçam. 
A educação é uma delas e a web é um excelente meio de divulgar a informação. Infelizmente pode desinformar, também.
O saldo de toda essa discussão  é positivo e podemos tirar algumas conclusões interessantes. 
Em primeiro lugar, por que se colocou em discussão um tema a respeito do qual não há nenhum trabalho descrito, o que certamente despertará a curiosidade de algum profissional no sentido de buscar a veracidade dos fatos. 
Em segundo lugar por que coloca em discussão um assunto muito importante e, a meu ver, bastante negligenciado, que é a forma de armazenagem de alimentos e suprimentos dos estoques de supermercados, atacadistas, pequenos mercadinhos, padarias e outros comércios, que estão vulneráveis ao ataque e presença dos roedores e que necessitam rever as suas políticas de estocagem e os recursos utilizados para proteger as mercadorias. 
Um terceiro ponto positivo a se extrair desta mensagem é  que realmente a higiene é fundamental. Se colocarmos na boca um produto qualquer retirado do estoque, sem a devida higienização, estaremos correndo o risco de sermos contaminados por algum tipo de bactéria. Não abrimos uma lata de conservas sem antes lavá-la com água e sabão. O mesmo hábito deve ser dispensado às latas de refrigerante e de cerveja.
Este excelente hábito de higienização não deve no entanto isentar os comerciantes de verificar as condições de armazenamento de seus estoques , de seu lixo, e verificar como anda o controle de roedores implantado. Todas estas medidas conjugadas irão garantir uma real segurança alimentar.
Lucia Schuller
Bióloga e Especialista em Pragas Urbanas  (UNESP)
1/10/2000 
 
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