Rio -  Dengue é a doença do descaso e da ignorância. Embora seja uma das doenças mais bem estudadas, continua fazendo vítimas em mais de 100 países. No Brasil não é diferente, e a cada ciclo de anos epidemias comprovam a fragilidade do sistema público de saúde e ineficiência dos programas de prevenção. As estatísticas atuais sobre os gastos com saúde mostram que 80% dos recursos do setor têm como destino o tratamento de doenças, internações, cirurgias e medicamentos. Apenas 20% são destinados à prevenção, basicamente exames para detecção precoce de doenças. No Brasil, a prática médica é assistencialista, previne-se pouco.

Desde a epidemia nos anos 1986 e 1987, no Rio de Janeiro, já decorreram quase 30 anos, ou seja, houve tempo suficiente para tentar, errar, corrigir, acertar, mas todos (poder público e população) parecem ter optado por errar e errar!

O momento é preocupante e a constatação de pessoas com o vírus da dengue tipo 4 aumenta a minha ansiedade e algumas perguntas precisam ser respondidas: onde estão os recursos? Onde estão os guardas de endemias? Onde estão os carros e equipamentos? Onde estão os folhetos educativos? Quando ocorrerão os cursos de capacitação dos professores e profissionais de saúde?

No momento da epidemia buscar culpados parece insensato, pois centenas de milhares de pessoas sofrem, milhares sendo internadas e centenas perdendo suas vidas. Terminada a crise, aqueles que saíram incólumes esquecem rápido, a imprensa nada noticia, o problema é deixado de lado e a busca pelos culpados e a correção dos equívocos não são feitas. O tempo passa, e após alguns anos o sofrimento se repete.

Em determinados momentos o poder público se vangloria com a redução do número de casos, quando deveria FOCAR o controle efetivo do vetor. Se em uma dada região não tem dengue, mas tem um percentual enorme de casas com o mosquito transmissor, a ausência de epidemia, ou mesmo de casos, não é por competência, e sim por sorte. Ausência de notificação pode ser por erro no diagnóstico, falha em notificar, por esgotamento das pessoas vulneráveis ao vírus que esteja em circulação. Portanto, mais uma vez o FOCO tem que ser o combate às larvas do mosquito.

Ressalto que 90% dos criadouros estão nas casas e arredores, como caixas d’água, pneus, latas e garrafas pet. Se a população fizer a parte dela tudo será diferente, porém a população precisa ser liderada, orientada, educada, informada, enfim precisa de campanhas bem feitas.

E-mail: ed.migowski@hotmail.com

Fonte:  http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/edimilson-migowski-uma-vergonha-nacional-chamada-dengue-1.433369